domingo, 7 de fevereiro de 2010

Poderia ser, mas não é




Ultimamente têm surgido uma série de perguntas às quais não consigo responder. 
Eu que nunca me interessei por filosofia, dou por mim a ter saudades das aulas, do que o professor dizia, que eu achava piada, e porque me faziam pensar sobre um determinado assunto. Esse mesmo assunto, que poderia nem estar relacionado com a minha vida mas que me fazia reflectir sempre sobre outros temas relacionados comigo.
Este ano muito mudou na minha vida. Além de me sentir diferente, tudo à minha volta mudou. 
Lembro-me, com nostalgia, do primeiro ano de secundário, em que tudo era uma novidade constante, onde ainda não tinham surgido os problemas sobre o futuro (ou pelo menos eu não pensava neles). De certa forma arrependo-me de muito do que não fiz, e poderia ter feito. Do que fiz, não me arrependo de nada, não há nada que gostasse de alterar ou que desejasse nunca ter acontecido. 
A minha inconsciência perante tudo tornava-me espontânea e, por vezes, demasiado verdadeira, um alvo fácil a qualquer problema que não sabia resolver. 
As minhas incertezas e inseguranças marcavam o meu dia-a-dia, que tentava aparentemente esconder, em vão, claro. Movia a minha vida pelos sentimentos e estado de espírito. Nunca estava bem num só lugar, queria sempre viver mais e mais.
Agora, sinto-me angustiada, até sozinha, por mais que esteja rodeada de pessoas. 
Não tenho a vontade de sorrir e dar as gargalhadas estridentes que dava, não tenho vontade de dançar uma noite inteira simplesmente porque sim. Não tenho vontade de dizer coisas estúpidas, sem sentido nenhum. Não tenho vontade de combinar um almoço ou uma saída com as pessoas que sempre foram as mais importantes na minha vida e, por vontade do destino e por termos necessidade de seguir caminhos diferentes, nos afastamos. Não tenho vontade de rebolar na relva com a Lu enquanto nos riamos de perdidas. Não tenho vontade de ir a pé para casa só para aproveitar um belo dia. Não tenho vontade de ter alguém ao meu lado a dizer que gosta de mim. Não tenho vontade de ficar uma noite inteira a falar com uma pessoa. Não tenho vontade de nada, para nada. 
Não gosto de estar assim, de viver tão pouco quando poderia usufruir de muito mais. 
Antes, eu tinha um motivo, uma razão, que me fazia mover. E agora? 
Eu sei que os estudos são essenciais, que deveriam ser eles por si só a dar-me uma razão para prosseguir, sei que são eles que me vão proporcionar um futuro, mas tudo é uma incerteza. E eu não vou lá com incertezas. E é nesta perspectiva que todos os dias me sinto irresponsável, por saber que não faço o que está ao meu alcance, que não me esforço diariamente para um fim, por mais que ele seja uma incógnita.
Gostava de ser diferente, de ter mais força de vontade, mais espírito de sacrifício. Deixo-me simplesmente ficar como estou, por mais que não queira e que pense que está errado.
Quero acreditar que seja só uma fase, que em breve encontre algo, não sei o quê, que me dê ânimo e força para viver, e não estou só a falar dos estudos. 
A vida não é só isso. Pelo menos a minha, ou menos não quero que seja. 

Que os dias de sol cheguem o mais rápido possível para iluminarem os meus dias, até agora bastante cinzentos.

1 comentário:

soliton disse...

same feeling...
vida de estudante é tramada.
inconscientemente pomos responsabilidades sobre nos próprios, a pressão de assegurar um futuro para depois não vivermos uma vida aflita e cheia de stress...
vamos no isolando para nos focarmos no que "realmente" interessa e que depois custa a alcançar (as vezes parece ate impossível), afasta-mo-nos da vida...

pode ser que o sol volte a brilhar depressa.

Fernando pessoa é que tem razão, quem é consciente é incapaz de viver a vida ao máximo...

bj