terça-feira, 29 de junho de 2010

E tudo acontece por acaso

Era uma vez uma rapariga que foi a uma festa.
Nessa festa bebeu um bocadinho mais do que é costume, é claro que isso teve consequências mas ela queria acreditar que não, que estava tudo perfeito. E estava. Aliás, para ela não podia estar melhor até porque conseguia ver tudo desfocado (o que às vezes até nem é mau, pois escusamos de ver algumas pessoas nítidas demais) e via o mundo que a rodeava com todas as cores do arco-íris. Pensou "estou feliz". E estava... Mas era bêbeda.
Nessa festa estava tudo vestido a rigor, a música, infelizmente, não era das melhores, o local não era mau, era pior que isso. Mas ela continuava feliz. 
Dançou muito nessa noite, dançou com a amiga, com a amiga da amiga, com o amigo, com o amigo do amigo, com todos os amigos e amigos dos amigos. Conheceu pessoas que dispensava conhecer, mas nem por isso ela se importou, claro.
Quando a maioria das pessoas se foi embora houve algo que permaneceu no seu devido lugar, o bar. 
Sentou-se, sozinha, com um copo na mão e outro na mesa e começou a pensar na vida. 
Nesse momento sentou-se um rapaz, que ainda não tinha conhecido naquela festa por incrível que possa parecer, ao lado dela. Falou, falou, riu, gaguejou, espirrou, bebeu, encostou-se à parede a rir, começou a suspirar, voltou a rir, gritou, levantou-se, voltou a sentar-se, bebeu, fumou, falou, falou. Tudo isto sem a rapariga sequer dar conta do que ele estava a fazer.
Até que ele começou a falar para ela com outro tom. Um tom que não lhe agradou. Então começou a ouvir, embora não quisesse plenamente por acreditar que nada do que pudesse sair daquela boca fosse interessante, mas ouviu ou, melhor, fingiu que ouviu.
Durante o monólogo do rapaz com olhos bonitos, contudo ainda com a cor incógnita, ela começou a pensar nos olhos dele. Eram giros. Ele também, por acaso.
Continuou a estar interessada em apreciar o que ele estava a dizer. Olhou para o cabelo dele, é giro por acaso. Depois foi a boca, também tem o seu encanto por acaso. De seguida foi para as mãos, mãos de menina, pois, mas também são giras por acaso
Assim só mesmo por acaso ela começou a estar mais interessada nele do que na sua conversa.
E lá continuou o monólogo.
A sede apertava. A boca dele estava um pouco próxima. Ele provocava. Mas ela controlou-se. Era boa rapariga não podia beijar um rapaz que não conhecesse tão! Essa agora...
Continuou a olhar para ele. 
Quando já era cedo, já o sol tinha nascido à uns minutos, disse a primeira palavra ao rapaz "Adeus". 
E foi-se embora.
Não o viu durante meses. Até que houve um dia que o viu na escola, aliás, ao portão. 
Lembrou-se que era o tal rapaz que a irritou mas que, por acaso, até era giro. 
Fingiu que não o viu, baixou a cabeça e mexeu na telemóvel como desculpa.
Passado uns tempos, umas semanas, adicionou, a pensar que era outra pessoa, um rapaz no messenger. Na ignorância até foi feliz por breves instantes.
Esse rapaz era 'o tal' rapazinho da festa, do portão da escola e dos olhos bonitos. Meteu conversa com a rapariga. Ela ficou estupefacta, boquiaberta, espantada e tudo o que possa acabar em 'a' ela ficou.
Irritou-se com a arrogância dele. Irritou-se com as coisas idiotas que ele dizia. Irritou-se com o seu egocentrismo. E, por acaso, até se irritou por lhe achar muita piada.
A partir desse dia nunca mais foi a mesma.
Durante uns tempos pensou muito nele, durante outros tempos não queria lembrar-se dele, a seguir desprezou-o, logo de seguida já não o conseguia fazer, até chegou a sonhar com ele, outras vezes teve pesadelos. 
Aquilo não podia continuar assim. Deixou de lhe querer, sequer, falar. Mas ele falava e ela não resistia a responder.
Esteve com ele, por acaso, noutras festas. Desta vez, ela conseguiu falar com ele e este já não dizia (tantas) barbaridades. 
Agora não o pode ver, nem quer. Prefere assim.
Aquele rapazinho da festa não pode entrar na sua vida, se é que não entrou já. Mas não, não entrou. Assim quer ela acreditar.

E, pronto, foram felizes para sempre.

2 comentários:

MargaridaN disse...

é quem eu estou a pensar?
fuck boys!!!

Bituca disse...

sim, deve ser